quarta-feira, fevereiro 02, 2011

A TEORIA DO BIFE DA VAZIA!

Por mais estranha que possa perecer à primeira vista (e o é), este título encerra o que de mais vil corrói a nossa nação: a corrupção.
Em animada conversa no final ano passado com outra alma, iniciou-se uma conversa sobre a corrupção nas altas esferas e a outra parte muito simplesmente disse que isto era algo típico de todos nós e não só prática dos governantes e dos grupos que os apoiam; e para suportar essa tese apresentou o seguinte caso.
Suponhamos que eu ia ao talho comprar um bife da vazia mas já não havia. Como eu era conhecido do dono pedia-lhe que quando recebesse de novo esse produto guardasse um bocadinho para mim. O dono do talho dizia sim senhor e já estava: ERA CORRUPÇÃO.
Talvez passiva e inócua mas depois de acesa discussão em volta desse exemplo realmente concordei que era uma forma de aliciamento, de fazermos um favor a um amigo e que poderia ser considerado uma corrupçãozinha.
Bem, a verdade é que por corrupção entende-se o favorecimento de uma parte em relação a outra, onde existe depois uma contrapartida dada pelo segundo ao primeiro como pagamento ou agradecimento pelo jeitinho. Quando isto envolve dinheiros públicos e concursos públicos, bem, é corrupção.
Será o bife da vazia o mesmo caso? Se por acaso eu depois retribuísse a gentileza ao dono talvez...
A verdade é que ao guardar aquele belo pedaço de carne ele estava a beneficiar um cliente e a prejudicar outros ao não disponiblizar o produto ao público. O que é certo é que este é um dos trilhões de pequenos favorecimentos e ajudas que acontecem por esse país fora e que, sinceramente, não prejudicam seriamente a vida de ninguém por isso creio não poder ser declarado como corrupção tout court.
A corrupção para o ser tem que beneficiar alguém em troca de aliciamento planeado, senão não passa de um simples favor: o bife da vazia é um favor amigo, desinteressado pois o talhante fá-lo por apreço e sem esperar contrapartida: se assim for não é crime. Se o fizer de forma sistemática a um ou mais clientes e pedir algo em troca é crime; se alguém oferecer um pagamento paralelo ou outra benesse ao talhante para ele fazer esse favor, de forma sistemática e premeditada e ele aceitar já seria crime.
A linha entre fazer um favor e ter um esquema paralelo parece ténue, mas existe e creio que o grande critério de desempate ou de diferenciação entre ambos terá que ser o nível de prejuízo provocado em terceiros.