quarta-feira, março 24, 2010

O 12 jogador!


Corre nos últimos tempos, talvez largos anos e mesmo décadas, a teoria que põem em causa a legitimidade das vitórias e a esmonia do Sport Lisboa e Benfica na década de 60 do século XX, onde ganhou duas Taças dos Campeões Europeus, sendo apelidado inclusivé em algumas monografias históricas quiçá, de "clube do regime". Essa teoria afirma que Salazar e o regime da Ditadura apoiavam e faziam de tudo para beneficiar o Glorioso de forma a tornar-se um símbolo de Portugal não só dentro de portas mas também no estrangeiro, reforçando assim e trilogia "Fátima, Fado e Futebol".
Bem, poderá ter sido essa a construção ideológica do regime mas duvido muito que fosse Salazar a marcar os golos e os agentes da Pide os massagistas, aplicando as suas maravilhosas artes talvez nos adversários porque se fosse nos jogadores do SLB esses saíam todos torcidos com certeza. O futebol era e ainda é um veículo de propaganda política e na época o regime colou-se à senda vitoriosa do Benfica, mas daí até dizer que influenciavam os resultados, é mais grave e incorrecto e essa teoria cai por terra quando o Benfica prova o seu valor em provas europeias mais livres de eventuais pressões. A verdade está mais na qualidade do plantel e da orientação técnica do que afirmar que Salazar era um Pinto da Costa dos anos 60 (belo anacronismo este não acham?).

"Ai, meu rico Salazar!"


Foi este o desabafo que ouvi há já alguns anos, dito por um operário rude durante uma pausa num café e que me fez escangalhar a rir! Rir do Salazar? Não! Rir da nostalgia do seu tempo? Não! Rir da expressão em si? Sim, definitivamente uma das vencedoras e que pode ser usada em inúmeras ocasiões onde se deseje que as coisas fossem diferentes tal como noutros tempos. Claro que o Estado Novo e a Ditadura da União Nacional não são pêra doce no cômputo geral, mas o regime tinha alguns princípios bons, o que tem ajudado com certeza a gerar essa onda saudosista que verificamos nos últimos tempos por essa figura casta.
O Povo está descontente porque o país não sai da cepa torta e o 25 de Abril afinal não se revelou como uma revolução abrangente que encaminhasse Portugal para o progresso e que elevasse o nível de vida material e espiritual da nação. Depois destes anos todos e apesar de não ter vivido essa época penso que tal era difícil de concretizar já durante o PREC quanto mais agora, pois continuamos a ter o mesmo nível de líderes, de governantes, ou na pior expressão, de políticos: maus, mesquinhos e corruptos!
Sobrepõem-se outros interesses que o da res publica e é por isso que continuamos na cauda da Europa. O "Zé Povinho" também não ajuda e lá vai votando sempre na mesma cepa...Por isso, Portugal é um país da longa duração, imutável.
Ai meu rico Salazar, preferia-se ficar pobre e ignorante, do que pobre e consciente disso.

Adeus à crise!


Tal como no grande clássico da literarura "Adeus às Armas" também temos que escrever este novo best-seller que gira em torno de como a sociedade ocidental, e aqui quero referir-me ao povo, a arraia-miúda, o secular e zé poviniano POVO, ao Terceiro Estado, está a ser enganado nestas últimas décadas capitalistas por uma conspiração urdida pelos governos das nações mais ricas e poderosas do mundo ocidental: os denominados G7 que depois passaram para 10 e já vão não sei onde.
Isto é uma teoria da conspiração que, como qualquer uma que se preze, não tem provas materiais ou documentais indiscutíveis que a alimente... e que mostre que existe uma conspiração para manter o grosso dos cidadãos amordaçados financeiramente, sendo explorados por grandes corporações multinacionais que por sua vez financiam os ditos governos e asseguram-lhes continuidade política, aos políticos ou aos partidos. A mentira é a da crise: já repararam que estamos sempre em tempo de recessão económica e os governos pedem sempre aos trabalhadores para apertar o cinto? Como é que estamos em crise nesses últimos anos quando até há bem pouco tempo a economia ocidental crescia? Os países da Europa, os E.U.A., tinham um crescimento de não sei quantos por cento por ano, ou seja havia mais produção e mais riqueza. Para onde foi essa riqueza toda que os Estados foram adquirindo em todos esses anos antes de aparecer esta crise? Digo-vos: foi para a corrupção e o nepotismo das elites governativas em vez de ser equitativamente distribuída pelos sectores produtivos da sociedade, aumentando salários; subindo o nível de vida com o aumento da qualidade dos serviços de saúde; investimento na melhoria de infraestruturas. Mas não, desapareceu toda pois os governos dizem-se incapazes de sanar os seus déficites! Será que estamos mesmo em crise ou é apenas uma farsa impingida pelos Estados com a cooperação por vezes insconsciente dos órgãos de comunicação social para continuar a explorar os trabalhadores e a manter apenas uma minoria com o estatuto financeiro e social de "rico". Por que é que não podemos todos ser ricos? Será uma impossibilidade capitalista? Deve de haver sempre uma classe média espremida para manter à tona um país ou essa dita classe pode tornar-se mais abastada? As provas que não tenho existem à nossa volta e eu estou apenas a pensar...e se?!

segunda-feira, março 22, 2010

Saiving Private MORABEZA!


"Saudade!... Saudade!..."
Era assim que o soldado cabo-verdiano que desembarcou no dia D, em plena Omaha Beach, se lamentava do seu destino ingrato ao serviço das forças militares capitalistas. Era esta a morna do soldado, apelidado Morabeza, redundância de nome com o próprio lamento, antes de entrar numa das acções mais espectaculares da 2ª Guerra Mundial. Segundo rezam as crónicas do dia, Morabeza sobreviveu miraculosamente ao desembarque e conseguiu ultrapassar a falésia, apenas para se ver embrenhado uns quantos kilómetros terra adentro e completamente rodeado de inimigos. Devido ao facto de ser o único soldado cabo-verdiano nas tropas aliadas, foi montada uma missão de salvamento para que pudesse regressar são e salvo à sua amada terra.
O destemido grupo escolhido para salvar private Morabeza consegue o seu objectivo encontrando Morabeza enfiado num buraco cantando as suas mornas. Feito o resgate, volta para junto do seu povo terminando a sua vida em lamentações de quem, por uma vez, foi levado a viver a maior loucura humana.

terça-feira, março 16, 2010

O Ser Humano... ESSE ANIMAL!

É verdade, infelizmente é bem verdade... nós somos uma das espécies mais violentas e estúpida que habita a face deste planeta, e estúpida porque continua a ser violenta apesar de milhões de anos de evolução racional. Prova disso é os nossos próprios símbolos nacionais servirem de veículo propagandístico e perpetuador dessa fúria animal; não são só os portugueses, mas foram eles que vieram a este caso: estou a falar dos hinos nacional e da Região Autónoma dos Açores.
Ambos são símbolos não haja dúvida e um deles nacional. Vejam só a mensagem que andamos a cantarolar todas as vezes:
"Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela pátria lutar!
Contra os Bretões marchar, marchar!"
Este é o refrão original escrito aquando do Ultimatum de 1890 e servia para enraivecer as hostes portuguesas contra os habitantes da Bretanha, mais especificamente os ingleses. Sim, como se tivéssemos alguma hipótese contra a maior marinha e exército da época.Mas lá se grita às armas,vamos a eles, sobre a terra e sobre o mar e não era sobre o ar porque a aviação com motor ainda não tinha sido inventada mas podíamos bombardeá-los a partir de planadores em dias com o vento de feição. Mesmo assim não era tão mau como o refrão que sobreviveu no 'cover' republicano:
"Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!"
Contra os canhões marchar, mas estão doidos ou quê, pensam que nós somos a Brigada Ligeira: e lá vamos nós como pinos à espera das bolas de bowling.
Num dos nossos símbolos mais prezados e valorizados melodicamente, há um descarado apelo à violência, pior ao genocídio desmiolado!
Este sentimento de querer talvez transmitir maior alma ou garra nacional, inflamar as hostes à boa maneira medieval antes da batalha, incendiar as tropas antes do combate para que possam lutar furiosamente sem pensar no que estão a fazer, estará talvez por detrás de tudo, e é continuado no hino regional que se segue:
"Para a frente! Lutar, batalhar
Pelo passado imortal,
No futuro a luz semear,
De um povo triunfal."
Mais uma vez é tudo para a frente, recuar? Nem pensar, lutar e batalhar tal como na guerra de trincheiras da 1ª Guerra com aquelas cargas fenomenais de peito aberto, baioneta colocada no rifle e lá saíam os bravos idiotas a correr pela terra de ninguém só para serem massacrados pelo tiro de metralhadoras. As ideias de generais confortavelmente sentados a digerir um xerez no seu quartel-general palaciano a milhas da frente, delineando estes planos idiotas sem ter noção da realidade e à custa do sacrifício de outros, faz lembrar um pouco os dias actuais quando os chefes de governo perdem para apertar o cinto por causa da crise mas eles não estão em crise, não a sentem.
Mas a verdade é que nós estamos a passar uma mensagem de violência de forma escandalosa e depois ainda se queixam do aumento da criminalidade e da perda de valores cívicos da juventude! Que querem, quando andamos a bradar o armamento e o choque frontal! O que precisamos é de um adeus às armas...numa verdadeira revolução.

quarta-feira, março 10, 2010

de volta aos bons velhos tempos...


É com "JUSTIÇA RENEGADA", "URBAN JUSTICE" em inglês que Steven Seagal o mais polimórfico actor de filmes de acção, vulga pancadaria, volta aos grandes écrans. Mas volta aos bons velhos tempos, à sua melhor forma patenteada em "Força em Alerta 1" e "Força em Alerta 2", "Under Siege" em inglês. Não aos mesmos muito bons e velhos tempos de Jason Storm e de Nico (à Margem da Lei), esses já não voltarão com certeza, mas mesmo assim, a uma forma que pensávamos já perdida nas suas últimas produções como "Império do Sol Nascente", em inglês "Into the Sun". Nessa fase descendente Steven até precisou de duplos em certas cenas de pancadaria coisa que já não acontece neste novo filme onde um pai com um passado claramente obscuro, vê o seu filho ser assassinado num bairro suburbano de Los Angeles dominado por gangs, o dia a dia na América de hoje. Ele não vê mesmo o filho ser morto mas enceta uma cruzada de destruição de ossos da mão, de pontapés no baixo ventre que projectam os adversários para a parede, parte o pescoço a um tronchudo afro, desvia-se de golpes e contra-ataca eficazmente no seu estilo inconfundível de mãos e antebraço. Um espectáculo visual para os fãs. Matar o filho de uma personagem desempenhada por Steven Seagal é não desejar viver, é morte certa, e Steven vai partindo tudo literalmente até chegar ao killer que é despachado mortalmente. Há pancadaria, tiros, tiradas stevianas que recorre a uma linguagem mais de ghetto "Tell every motherfucker on the street they're not safe 'till I find the motherfucker who killed my son", esquivas a armas de fogo apontadas à sua cara, enfim... o melhor que pode haver e feito mesmo pelo actor, mais gordinho, com umas suiças do tempo do liberalismo, mas com uma rapidez estonteante.
O casting ajuda ao sucesso do filme pois conta, como se pode ver no cartaz do filme "poster" em inglês, com o famoso Juanito 23 de Con Air (segunda cara a contar de cima do lado direito, Danny Trejo) e o fantástico "crazy eye" de "The New Guy", Eddie Griffin, em português "Um Zero à Esquerda".