quarta-feira, maio 06, 2009

"VAI PARA O CARAÇAS"


É com esta tirada que os polícias na série portuguesa com o mesmo nome se insultam.
Ontem passei o serão a ver a reposição desta obra prima ne RTP Memória, obra prima da comédia que rivaliza à vontade com "O Tal Canal", embora seja da década seguinte.

Aquilo é uma barrilada de gargalhadas do princípio ao fim, quiçá numa tentativa desconchavada de copiar outros modelos do género policial para televisão. "Polícias" fica na unha do pé de "Hill Street Blues" apesar de ter encontrado esta sinopse no site do Canal 1:

"Polícias é uma série policial com argumento de Moita Flores e Luís Filipe Costa, construída a partir de um caso de polícia, o caso do Estripador de Lisboa.


Esta saga policial trata sobretudo de uma reflexão sobre a violência, ao mesmo tempo que nos dá uma perspectiva do aspecto sociológico de uma Lisboa noctívaga, acompanhada por uma banda sonora que lhe assenta como uma luva.


A acção decorre do quotidiano de uma brigada de polícia com a novidade uma agente, que luta por um tratamento de igualdade. Além disso, a tónica desta série de acção conta-nos as vidas pessoais dos agentes da lei, o seu lado humano e como se debatem para enfrentar uma violência quotidiana."



O Estripador de Lisboa devia de receber a pena máxima, não só por estripar prostitutas toxicodependentes, mas, sobretudo, por servir de inspiração a uma série televisiva portuguesa como "Polícias". Os crimes nunca foram solucionados e deram origem a outro.

A banda sonora realmente assenta como uma luva...mas daquelas rotas na ponta dos dedos pois nem reparei nela, compenetrado como estava no enredo...

O único agente que vi a lutar por um tratamento igualitário, revolta-se quando a procuradora coloca sobre prisão preventiva um indivíduo que tinha enchido o cú de outro com chumbo, inadvertidamente claro ao disparar uma cartucheira sobre a sua roulote supostamente para o castigar por andar a meter gado na sua terra. O agente achava que era um tratamento severo demais para um pequeno delito e ficou ofendido como foi tratado pela procuradora...o drama, o conflito moral as relações preconceituosas de poder... motivadas por chumbo no rabo! Genial!

A tónica na vida e nos dilemas pessoais de cada agente é hilariantemente rebuscada; as cenas de acção são de escanchar a rir, mas melhor ainda é a forma como se debatem com a violência quotidiana, eles não, os seus estômagos, pois dois deles vão a uma casa de pasto almoçar e cada um pede um cozido à portuguesa mais uma garrafa de vinho tinto da casa!
Como é que eles vão conseguir combater a violência Lisboeta se mal conseguem andar!Genial!

É caso para dizer "Vai para o caraças!"

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