segunda-feira, fevereiro 08, 2010

O 25 DE ABRIL AO CONTRÁRIO


Foi Francisco Adolfo Coelho, eminente pensador, membro presente no apogeu da Geração de 70 nas Conferências do Casino em 1871, tendo a cargo uma conferência intitulada "O Ensino" (curiosamente), classificada por Carlos Reis como "a mais bem estruturada", que redigiu a melhor definição do "português" que ainda hei-de colocar aqui neste blog um dia pois vale a pena ler. Essa definição explicaria na perfeição a causa deste país ser a miséria que é: é que é estrutural, está gravado na genética do povo, da sua cultura e modo de ser, e se alguma vez pensarmos em melhorar a nossa nação, temos que fazer tábua rasa de muita coisa. É claro que tudo começaria com o sistema de ensino para definir-se um ponto zero a partir do qual se poria em prática "a política correcta". O problema está em chegar a essa politica.
Este país talvez nunca esteve verdadeiramente bem, e continua mal. A grande causa a meu ver é a corrupção e a ausência de pessoas correctas nos locais correctos nas alturas certas da História. Tal continua a subsistir, ou seja, continuamos a ter as pessoas erradas nos locais correctos, seguindo políticas parcialistas e minoritárias...o quando Histórico já nem é relevante: estamos sempre na crise. Mas aproximamo-nos de um ponto de ruptura, de transformação radical...de Revolução diriam...NÃO, não de revolução...de anarquia!
A nossa sociedade portuguesa, mas também ocidental, ao continuar os trilhos de uma política dita socialista que assenta na distribuição desigual da riqueza, no privilégio e protecção de uma minoria que suporta os interesses do Estado e na gestão dos seus recursos espremendo a população activa, caminha para o desastre.
E já houve avisos como na Argentina há alguns anos atrás em que o povo saiu para a rua tal era o grau de insatisfação. O POVO...sim o nosso Zé Povinho, ignorante, crítico, mas com um apurado senso comum a continuar esta vida irá...melhor, tem de fazer o mesmo, pois só assim é que este país vai finalmente regenerar-se.
Não foi com a Revolução Liberal de 1820, não foi com a Implantação da República em 1910, e não foi também com o 25 de Abril de 74 que o país melhorou, pois não houve lideranças que fizessem as alterações estruturais nas mentalidades.
Sim, o 25 de Abril não mudou nada e porquê? Porque quem fez a Revolução não foi o Povo, o POVO estava a dormir e acordou com o troar dos tanques, senão continuava na cama para mais um dia. O Povo não fez a Revolução, assistiu; quem a fez foram os militares que abriram caminho para uma pseudo democracia. As verdadeiras e as grandes revoluções são feitas pelo Povo, por essa massa anónima, uma turba movida por um sentimento estilhaçado de insatisfação comum. O 25 de Abril não foi uma Revolução foi uma mudança de gerência com alguns benefícios sociais. Ao cabo deste tempo todo muitos podres do sistema ainda cohabitam.
Só quando o Povo sair todo à rua espontanemante, sem convocatórias de forças sindicais ou partidos políticos, sem fins ideológicos que não sejam o da justiça social, e parar com tudo e for à procura dos que governam, para si e não como mester aos outros...aí sim, quando a anarquia estiver instalada por um breve momento, far-se-á a tábua rasa para começar de novo.
O truque...bem, o truque está em fazer aparecer, talvez pela primeira vez, a ou as pessoas idóneas para governar num "25 de Abril ao contrário", quando seja o cidadão a acordar as tropas.

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